sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Carnaval em Alcácer e Torrão, 2009

O Carnaval regressa este ano ao Torrão e domingo, a partir das 15 horas, são esperados 14 grupos, 7 carros alegóricos e 500 foliões que vão desfilar pelas principais ruas da vila ao sabor dos Farra Fanfarra.

Já na cidade, a animação está marcada para terça-feira de Carnaval, com o corso a sair à rua às 15 horas. O desfile, com ritmo marcado pelos Tocá Rufar, parte do Parque dos Pescadores e tem passagem pela avenida João Soares Branco – marginal – e pela avenida dos Aviadores rumo ao pavilhão na zona da feira que vai receber um baile de Carnaval pela tarde fora. Na cidade está prevista a participação de aproximadamente 900 foliões integrados em 17 grupos.

Os desfiles são uma iniciativa da autarquia que recuperou esta tradição em 2006, após quase duas décadas de interregno. Desde então, a câmara lança todos os anos o desafio e apoia financeiramente os participantes, tendo tido sempre uma elevada adesão da população, que participa no evento a título individual, em grupos organizados ou juntamente com as colectividades do concelho. Este ano o município vai atribuir um apoio de 20 euros a cada participante que esteja integrado nos grupos organizados e 300 para os carros alegóricos.

No ano passado a iniciativa contou com 700 foliões e vários carros alegóricos, que desfilaram pela marginal animando a cidade à sua passagem. Este ano, e tendo em conta as inscrições recebidas até ao momento, esse número vai ser ultrapassado e, quer no Torrão quer em Alcácer do Sal, os desfiles estarão abertos à participação de todos aqueles que se queiram juntar à festa a qualquer momento. Só é preciso muita alegria e boa-disposição.

Em Alcácer do Sal, no âmbito do desfile, o trânsito vai estar condicionado a partir das 13h do dia 24 na Avenida João Soares Branco, Largo 25 de Abril e Avenida dos Aviadores devendo a circulação ser feita pela zona alta da cidade. Entre as 12 e as 18 horas também não será possível estacionar nestas vias, no Parque dos Pescadores ou no largo Pedro Nunes. Os automobilistas deverão assim retirar, atempadamente, os seus veículos destas zonas. Como alternativa a autarquia aconselha o estacionamento no largo da Feira e na Margem Sul.
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9 comentários:

Anónimo disse...

Gostaria de saber se existem no castelo de Alcácer vestígios dos períodos das 1ªs Taifas e Almorávida...

ARC disse...

Os vestígios referentes às primeiras Taifas e aos Almorávidas consistem basicamente em fragmentos cerâmicos, alguns deles em exposição na Cripta Arqueológica do castelo.

Anónimo disse...

E no castelo em si? Existe alguma muralha ou torre desses períodos que referi? Por exemplo, o período Almorávida foi duas vezes mais longo que o Almóada, consequentemente não deveria haver mais mais torres ou mais muralhas desse período?

ARC disse...

Trata-se de uma questão em aberto, tanto em Portugal como em Espanha. Existe em Alcácer alguns elementos, mas é necessário um estudo mais aprofundado.

Anónimo disse...

O período Almóada foi curto em Alcácer, mas curiosamente foi dos períodos que mais vestígios deixou na cidade. A que é que isso se deve? Porque foi o último período, ou porque foi uma espécie de "canto do cisne" da presença islâmica em Alcácer?

ARC disse...

Essa questão encontra-se em parte respondida em dois trabalhos que pode ler em formato digital e que se encontram na barra direita deste blog. Falo ddo trabalho Alcácer no Final do Periodo Islâmico e o referente à Musalla do Torrão.
Em sintese, o Califado Almoada utiliza a propaganda de estado como Guerra Psicologica contra os cristão e tambem contra os sunitas do al-Andalus. O que se passou em Alcácer tambem foi reproduzido noutras cidades almoadas do al-Andalus, caso de Silves, Badajoz, etc. Por outro lado só existiram 3 cidades com o nome al-Fath em todo o Império (que ia de Alcácer até Tripoli capital da actual libia). Falo de Qasr al-Fath/Alcácer do Sal, Medinat al-Fath/Gibraltar e Rabat/Ribat al-Fath - tratam-se de bases militares para o que eu chamo de ghiad maritima.

Anónimo disse...

Se a herança almóada em Alcácer foi quase exclusivamente militar, então porque recorreram ao uso da taipa nessas mesmas construções militares? Não admira que não tenha resistido ao ataque dos cruzados. Tem alguma explicação para este facto aparentemente tão pouco inteligente?

ARC disse...

Bem estou a ver que não conhece a realidade geológica de Alcácer.
O maior problema desta cidade sempre foi a falta de pedra para construção ao longo dos séculos. Ao contrário do que pensa, a opção até foi bastante inteligente. Pense no seguinte cenário, tendo como pano de fundo o seguinte panorama -Tanto actualmente como antigamente, o problema de base é sempre falta de recursos, sejam eles humanos, monetários ou outros.
- Imagine que é o califa almoada que tinha acabado de conquistar Alcácer depois de um cerco demorado de vários meses.
Ficou com a cidade, mas ela encontra-se arruinada e é necessário torna-la habitável e com condições de defesa.
Sabe que tem poucos recursos humanos para deixar em Alcácer. O que é que faz?
Sabe tambem e tem consciencia que tem à sua frente um reino Português que não descansa enquanto não os espulsar desta terra.
Por outro lado, está numa região do rio Sado (Bacia sedimentar Cenozoica do Tejo-Sado) onde predominam as florestas, a argila e um arenito rochoso do Miocénico que se desfaz nas mãos. Tem xisto na serra da Maceira, mas trata-se de uma rocha frágil e que dá muito trabalho em aparelhar numa fortificação.
Em compensação está proximo (com acesso de barco pelo rio Sado, da serra da Arrábida que tem em zonas de praia bastante calcareo para fazer cal) Na zona de Palma e Casebres, tem na serrinha formações geológicas de volcanitos ácidos de idade Paleozoica (Devónico) que podem dar boas areias para polzoanas para a taipa de tipo militar que quer usar no castelo.
Domina um estuário com bancos de ostras que pode queimar para extrair cal (de má qualidade) assim como os restos de uma cidade romana que deixou imensa cerâmica que por acção térmica dá boas polzoanas para a taipa.
Sente que tem falta de tempo, mas tem que erguer uma cidade num espaço curto de tempo.
Por isso, antes de iniciar a recuperação de Alcácer tem que lhe criar um espaço livre de incursões cristãs. A melhor defesa é criar um espaço de fronteira num raio de 80 Km ou dois dias de viagem a´té Alcácer.
Por isso decide em avançar até à Arrábida. Segue para norte e ataca Palmela, Sesimbra e arraza Almada. Deste modo, obriga D. Sancho I a aceitar tréguas por 4 anos que é o tempo necessário para recosntruir Alcácer.
Deixa em Alcácer operários especializados em taipa militar e uma guarnição de berberes e de outras etnias. Ordena que a população de Alcácer seja abastecida pelos armazens estatais de Ceuta e Sevilha.
Sem pedra na região, sem tempo, com muita floresta, argila, areia e possibilidades para fazer cal e boa taipa argamassada, a opção natural é usar a taipa. Deste modo pode moldar a linguagem arquitectónica do sistema defensivo como quer e deste modo transformar a cidade num poderoso meio de propaganda de estado frente aos portugueses.
Por isso, muda o nome da cidade para o Palacio da Guerra Santa(Tradução livre de Qasr al-Fath).
Tem tambem como vantagem estratégica um vasto interior desabitado de terrenos arenosos de mato cortante/espinhoso e de floresta mediterranica onde a água não abunda. Tudo isto aumenta a defesa natural de Alcácer.
Só existem duas rotas - a terrestre muito dificil - Palmela fica desde 1200 a mais de 50-60 km e a melhor rota de ataque é pelo rio Sado por barco.
É neste âmbito que os almoadas prestam mais atenção, mantendo uma frota naval que regularmente e para auto abastecimento, treino militar e para não ficarem parados, atacam regularmente areas ocupadas pelos cristãos.
Na optica do bispo Soeiro de Lisboa, tratam-se de actos de pirataria.
Convem insistir neste ponto - a taipa é barata, maleável e resistente aos terramotos e ao longo dos séculos. Por alguma razão o rei D. Fernando nas guerras contra Castela optou por construir parte da chamada cerca fernandina de Lisboa em taipa.
Ao fim de 8 séculos, é natural vermos as muralhas de Alcácer no estado em que estão e pensarmos que elas sempre foram frágeis.
Mas elas já resistiram a muito e irão continuar de pé futuramente. A terminar, a câmara de Alcácer no início do século XX teve que usar dinamite para poder vender partes da muralha para ... particulares.
O grande inimigo destas muralhas sempre foi a erosão quimica, a água e a acção antrópica.
A ultima ocupação islâmica ainda durou 27 anos. Depois de ter sido conquistada pelos cristãos nada foi feito da parte islâmica porque nessa altura, em 1217, o Califado Almoada estava em crise politica e militar tanto no al-Andalus como no Magreb e não tinha forças militares para uma resposta militar.
Como pode verificar, eles foram realistas e inteligentes, porque souberam tirar partido dos recursos aqui existentes.

Anónimo disse...

De facto tem imensa razão. Foi uma solução inteligente. Vou começar a olhar com mais respeito para a taipa.
Menos inteligente foi a venda de parte da muralha (património nacional) a particulares, infelizmente à maneira tuga!