sábado, abril 05, 2008

Necrópole Romana da Azinhaga do S. Mártires: Breve Nota

Apesar de ser um texto datado do século passado, mantêm a sua actualidade e merece ser divulgado. Uma cópia completa da Obra encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca Municipal de Alcácer (Fundo Local).
João Carlos Lázaro Faria e Marisol Aires Ferreira (1985). Subsidios para uma Carta Arqueológica do Concelho de Alcácer do Sal, (não está páginado) .
TOPÓNIMO - Azinhaga do Senhor dos Mártires
TIPO DE ESTAÇÃO OU MONUMENTO - Necrópole
CRONOLOGIA DA ESTAÇÃO OU MONUMENTO - Época Romana (séc. I a II d. C)
Coordenadas: x - 166,3 ; y -155,2
Os primeiros achados verificados nesta necrópole datam de 1876.
conforme nos dá conta Simões de Castro, " Appareceram tambem na necropole de Alcacer (...) lampadas, algumas das quaes com os nomes dos fabricantes (...) Acharam-se mais algumas moedas de cobre desde o principio do Império até aos Antoninos (...) De vidro, alguns vasos d´aquelles que denominaram lacrymatorios (...) Acharam-se tambem os fragmentos de uma caixa de marfim, representando em esculptura de baixo relevo o combate de cupido com um leão. Finalmente appareceu uma caixa de chumbo, que o sr. dr. Filippe Simões disse ter visto ainda cheia de ossos meio queimados (SIMÕES DE CASTRO, 1876 p. 193 e 194).
Vinte anos mais tarde, em 1896, J. C. Baptista referia que " A cem metros, pouco mais ou menos a norte do sítio onde em 1876 foi descoberta a necropole pre-romana, proximo da igreja da Senhora dos Martyres, ao proceder-se á plantação de uma vinha, e em propriedade do Exmo. Sr. Faria Gentil, appareceram muitos objectos da epocha romana, que mui succintamente vou indicar: - um asse; (...) uma urna cineraria do feitio de uma pia, de pedra broeira, tendo a tampa, num dos lados, dois pequenos orifícios; tres lucernas simples, sendo duas com dois buracos (...) e a outra, do feitio de uma tijelinha, com o competente bico para a torcida; outra lucerna, com figuras em relevo, estando esta partida em muitos pedaços; cinco vasos de vidro, dos chamados lacrimatorios (unguentarios), sendo um de bojo largo e outros de bojo estreito, e tendo estes o gargalo mais comprido do que aquelles; duas tijellas de barro, tendo asas uma d´ellas; um pedaço de barro chamado saguntino, com a seguinte marca (...) nove urnas de differentes tamanhos, da fórma das nossas panellas de barro, tendo umas asas e outras não (...) tres pedaços de marmore de monumentos, vendo-se num d´elles parte de uma inscripção (...). Os dois pedaços, bem mais pequenos do que aquelles, poucas letras contém " (BAPTISTA 1896, p. 143-144)
(Breve Actualização até 2008)
Os Trabalhos Arqueológicos efectuados na Azinhaga, por Ordem Cronológica:
1. Em 1970, António Cavaleiro Paixão, (p. 92), refere " Durante os trabalhos de alargamento e terraplanagem da Azinhaga do sr. dos Mártires (...) tinha sido posta a descoberto uma área de enterramentos romanos, quase todos de cremação (...) Entre o espólio aqui encontrado, aliás pouco abundante, poderemos mencionar a descoberta de algumas peças cerâmicas, entre as quais duas pequenas vasilhas de terra sigillata achados a pouca profundidade assim como uma ânfora romana muito fragmentada".
2. Em 1977, Viegas (p. 89-91) refere a destruição de urnas em terraplanagens efectuadas na Azinhaga dos mártires.
3. Encarnação (1984, p. 269 e 270) publica o estudo de dois fragmentos de inscrições aqui encontrados.
4. Após os alertas de Viegas em 1977, só em Setembro de 1978 e novamente em Setembro de 1980, tiveram lugar as primeiras escavações arqueológicas, que foram coordenadas por António Cavaleiro Paixão. estes trabalhos permitiram pela primeira vez a salvamento de numerosos materiais arqueológicos. Estes trabalhos permitiram datar a necrópole do Alto império, cronologicamente inserido entre os séculos I e II d. C.
5. A Terceira Campanha de Escavações Arqueológicas na Necrópole da Azinhaga dos Mártires, tem inicio em Fevereiro de 2008, após 28 anos de interrupção.
A actual campanha, ainda em curso, está a ser coordenada pelos Arqueólogos: - António Rafael Carvalho e Nathalie Antunes-Ferreira.

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